Dessa Água Beberemos

Mai2017

Dessa água beberemos

 

A escassez de água cada vez maior em vários lugares do mundo está tornando uma realidade o reaproveitamento desse líquido – inclusive o que passa pelos esgotos

Nada menos que dois terços da superfície terrestre são cobertos de água, o que a torna a substância mais comum do planeta. Isso poderia nos levar a supor que a escassez dela está longe de ser um problema e que jamais haveria a necessidade de reciclá-la e reusá-la. Não é bem assim, no entanto. Do volume total, apenas uma parte ínfima pode ser bebida ou consumida para outros fins pelo ser humano e demais seres vivos, pois 97% dele compõe os oceanos salgados. Dos 3% restantes, cerca de 70% estão na forma de gelo nos polos, nas geleiras e topos de montanhas; um pouco menos de 30% são subterrâneas; e apenas 0,3% está ao alcance fácil em rios e lagos.

Pode parecer pouco – e é mesmo. Mas é mais do que suficiente para atender às necessidades de toda a população mundial. “O problema é que ela está mal distribuída no planeta, com regiões com abundância e outras com escassez”, diz o engenheiro civil e sanitarista Suetônio Mota, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Além disso, deve ser considerada a poluição cada vez maior. Muitas vezes, tem-se água, mas de qualidade inadequada, exigindo um custo elevado para tratamento, o que pode inviabilizar o seu uso.

No Brasil, o mais comum ainda é o reúso não potável, sobretudo nas indústrias e em algumas atividades urbanas (irrigação de áreas verdes). Um exemplo é o Projeto Aquapolo, resultado de uma parceria entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a Odebrecht Ambiental. Desde 2012, esse sistema fornece 650 litros/segundo de esgoto tratado na Estação de Tratamento de Esgoto do ABC paulista para o polo petroquímico da região. Isso equivale ao abastecimento de uma cidade de 500 mil habitantes.

No Nordeste, região mais carente de recursos hídricos do Brasil, pouco tem sido feito, no entanto. “Com o agravamento da seca, tem-se falado no reúso, mas poucas são as medidas efetivamente propostas visando aproveitar os esgotos tratados”, lamenta Mota. “Uma exceção é o Ceará. Considerando o grave problema da seca no estado, nos últimos cinco anos, a Companhia de Água e Esgoto anunciou que, inicialmente, será tratado 1 m3/s do esgoto coletado em Fortaleza, para ser vendido às indústrias do Complexo Industrial e Portuário do Pecém”, conta. “O projeto terá um investimento de R$ 680 milhões de uma empresa francesa.”

De acordo com Mota, apesar desse exemplo e de alguns outros espalhados pelo país, há muito ainda a ser feito para que o reaproveitamento seja adotado no Nordeste e no Brasil. “Existe a necessidade de uma legislação nacional disciplinando o reúso de água. Além disso, é preciso que seja definida uma estrutura institucional que possibilite a adoção dessa prática de forma ambientalmente adequada”, avalia. “O embasamento teórico já existe, mas ainda falta o aproveitamento dos resultados das pesquisas realizadas em diversas universidades e outras instituições.”

(veja a matéria completa em:http://www.revistaplaneta.com.br/dessa-agua-beberemos/)


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